Patrimônio cultural de Alter do Chão: saiba tudo aqui
Alter do Chão não é apenas um lugar turístico conhecido por suas belas praias, mas também um lugar de grande riqueza histórica. Vamos conhecer, então, o patrimônio cultural de Alter do Chão e suas belíssimas nuances!
Alter do Chão, a encantadora vila balneária situada no coração do Estado do Pará, viu-se agraciada com um título de grande honra no dia 29 de abril de 2022.
Nessa data, através da promulgação da Lei N° 9.543, a localidade recebeu a distinção de patrimônio cultural, abrangendo tanto seu valor material quanto imaterial.
A conquista foi celebrada após a sanção do governador Helder Barbalho, representando um marco na preservação e reconhecimento da riqueza cultural da região.
O brilhante projeto que deu origem a essa legislação é uma iniciativa do Deputado Estadual Raimundo Santos e obteve a aprovação unânime da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) no início do mesmo mês.
O deputado destacou que Alter do Chão é uma importante referência histórica, turística e de valor intercultural tanto a nível nacional quanto global, fundamentando assim a necessidade de sua proteção.
O secretário Municipal de Turismo, Alaércio Cardoso, expressou sua alegria, reconhecendo a importância desse reconhecimento para o turismo local e para a comunidade de Alter do Chão como um todo.
Esta vila de beleza singular já se consolidou como um dos dez destinos turísticos mais procurados do Brasil e recebeu elogios da imprensa internacional ao ser considerada a praia de água doce mais bonita do mundo.
Em 2021, Alter do Chão acrescentou mais um troféu à sua coleção, ao conquistar o Prêmio UPIS de melhor destino turístico nacional, destacando-se como um tesouro a ser explorado.
O prefeito Nélio Aguiar expressou seu contentamento diante dessa recente conquista, ressaltando que a comunidade está engajada na retomada do turismo, ansiosa para receber visitantes que desejam compartilhar das belezas naturais que essa região abençoada oferece.
Portanto, o título de patrimônio cultural concedido a Alter do Chão é mais do que um reconhecimento; é um compromisso com a preservação de sua cultura material e imaterial, com o desenvolvimento sustentável do turismo e com a promoção das riquezas naturais desse lugar mágico.
Que esta distinção inspire outros destinos a valorizar e proteger suas heranças culturais, contribuindo para a diversidade e riqueza do nosso patrimônio nacional.
O que são patrimônio cultural material e imaterial?
Cultura e patrimônio, tanto material quanto imaterial, são elementos fundamentais que moldam a identidade de uma sociedade, preservam sua história e promovem a diversidade cultural. Vamos explorar esses conceitos em detalhes.
Cultura material
A cultura material engloba todos os objetos, construções, artefatos e elementos físicos que uma sociedade produz ao longo de sua história. Esses elementos representam a expressão tangível da cultura de um grupo ou comunidade.
Exemplos de cultura material incluem edifícios históricos, obras de arte, ferramentas tradicionais, roupas típicas, móveis, monumentos arquitetônicos e até mesmo utensílios de cozinha.
A cultura material não apenas reflete a criatividade e o engenho de uma sociedade, mas também fornece insights sobre seu modo de vida, valores, crenças e relações sociais. A preservação da cultura material é crucial para a compreensão da história de uma região e para a promoção do turismo cultural.
Cultura imaterial
Já a cultura imaterial, por outro lado, refere-se a elementos intangíveis e abstratos da cultura de uma comunidade.
Isso inclui tradições, rituais, música, dança, língua, contos, mitos, lendas, culinária, práticas religiosas, conhecimento tradicional e outras formas de expressão cultural que são transmitidas de geração em geração.
A cultura imaterial é o tecido invisível que une uma sociedade e lhe confere uma identidade única.
O aspecto imaterial da cultura é frequentemente mais difícil de definir e documentar do que o material, mas é igualmente essencial para a preservação da diversidade cultural e da memória coletiva. Ela não apenas enriquece a experiência cultural, mas também fortalece os laços comunitários e promove a coesão social.
A proteção e a promoção da cultura material e imaterial são vitais para preservar a herança cultural de uma nação ou localidade e para garantir que as gerações futuras possam apreciar e aprender com a história e a riqueza de suas tradições.
Muitos governos e organizações internacionais têm programas específicos para salvaguardar e promover o patrimônio cultural, reconhecendo seu valor inestimável na formação da identidade cultural e na construção de um mundo mais rico em diversidade e compreensão.
Os Catraieiros
Antes mesmo do reconhecimento de Alter do Chão como patrimônio cultura, no dia 4 de abril de 2022, um importante marco histórico e cultural foi sancionado em Santarém, no oeste do Pará, pelo prefeito Nélio Aguiar.
A Lei nº 21.490 foi promulgada, declarando os Catraieiros de Alter do Chão como Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial do município. Esse ato reconheceu a significativa contribuição desses profissionais para a identidade local e a preservação de suas tradições.
Os Catraieiros desempenham um papel fundamental na comunidade de Alter do Chão, oferecendo transporte seguro e eficiente para os banhistas que desejam explorar as águas quentes do majestoso Rio Tapajós.
Suas canoas a remo, conhecidas como catraias, são um símbolo da região e um meio de conexão entre a Orla de Alter do Chão e a encantadora Ilha do Amor.
Durante o tradicional evento do Sairé, as catraias ganham uma roupagem especial, sendo decoradas e participando de uma espetacular procissão fluvial, enriquecendo ainda mais a rica herança cultural da região.
Os Catraieiros, com sua destreza e habilidade, conduzem os visitantes em uma experiência única, proporcionando um contato íntimo com a natureza exuberante e as águas calmas do Rio Tapajós.
A vida dos Catraieiros está intrinsecamente ligada ao rio, pois dependem dele para subsistência, obtendo nele sua principal fonte de renda. O serviço que prestam é especialmente demandado durante a estação em que os rios estão baixando e as faixas de areia na Ilha do Amor começam a se revelar.
Durante o verão mais intenso, quando o nível do rio baixa significativamente, muitos optam por atravessar a pé ou a nado, uma atitude arriscada que pode resultar em acidentes graves.
Por outro lado, no inverno amazônico, quando as barracas da Ilha do Amor ficam submersas pelas águas do rio, as catraias encontram-se atracadas junto à Orla de Alter do Chão e têm um uso limitado. Essa sazonalidade destaca ainda mais a importância desse patrimônio cultural para a comunidade local.
O reconhecimento dos Catraieiros como Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial de Santarém foi resultado de um esforço conjunto.
O pedido para considerar o registro das matrizes tradicionais dos Catraieiros foi aprovado pela Câmara Municipal de Santarém no dia 21 de março de 2022, após uma intensa mobilização envolvendo diversas figuras ligadas a organizações públicas e privadas.
Esse feito representa um importante passo na preservação e valorização das tradições culturais da região e no reconhecimento do trabalho árduo dos Catraieiros, que desempenham um papel vital na vida cotidiana e na cultura de Alter do Chão.
Festa do Çairé
Além disso, outro processo crucial de salvaguarda e difusão cultural no coração da Amazônia brasileira em Alter do Chão, trata-se da confecção de um CD de músicas consideradas como parte do folclore local, especificamente relacionado à famosa festa do Çairé.
Este empreendimento cultural, realizado em 2013, foi uma colaboração entre grupos produtores da festa e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, com o objetivo de documentar e preservar essa rica tradição.
A produção do CD não foi apenas um ato de registro musical, mas também uma oportunidade para examinar as complexas relações sociais que permeiam a festa do Çairé.
Dentro desse contexto, foram evidenciadas hierarquias, alianças e divergências entre os diversos atores envolvidos na celebração, incluindo festeiros, devotos, foliões e coordenadores.
Além disso, o projeto permitiu explorar perspectivas entrecruzadas relacionadas aos conceitos de autoria e propriedade intelectual.
A festa do Çairé é uma tradição secular que mescla ritos indígenas com elementos do catolicismo popular. Originada na missão jesuíta de Nossa Senhora da Purificação, essa celebração se desenvolveu ao longo dos anos, adaptando-se a mudanças estruturais e culturais.
Sua trajetória foi dividida em quatro etapas: colonização, proibição, retomada e espetacularização. Cada fase trouxe modificações significativas à festa, revelando sua capacidade de adaptação e renovação ao longo do tempo.
O debate sobre a grafia do nome da celebração, Çairé ou Sairé, reflete as múltiplas dimensões da festa e as questões linguísticas, históricas, étnicas, políticas e afetivas associadas a ela.
Enquanto a grafia Çairé é vista como mais condizente com as origens indígenas da festa, a grafia Sairé busca uma maior divulgação em circuitos turísticos e oficiais de cultura. Essa dualidade linguística é um reflexo das tensões e disputas que envolvem a festa do Çairé.
A festa também passou por um processo de espetacularização, semelhante ao festival de Parintins, com a inclusão da disputa entre agremiações de botos. Esse elemento gerou debates locais sobre a identidade própria do Çairé, com alguns usando o termo “Boiré” para destacar essa semelhança.
No entanto, a festa do Çairé é mais do que uma simples continuação do passado. Ela é um exemplo de hibridismo cultural, combinando elementos católicos e folclóricos tradicionais com influências contemporâneas.
Essa mistura de tradição e inovação a torna um fenômeno cultural único na Amazônia contemporânea, ganhando destaque na cena cultural regional e internacional.
Os participantes da festa estão conscientes dos desafios que o futuro reserva para o Çairé. Eles se esforçam para preservar tradições inalienáveis, enfatizando a antiguidade e a importância cultural da celebração.
A busca pela patrimonialização é uma resposta a esses desafios, embora também possa introduzir novas mudanças na festa.
Nesse contexto, o projeto de inventário da festa do Çairé e a produção do CD de registros sonoros desempenham um papel crucial.
Conclusão
Assim, a recente distinção de Alter do Chão como patrimônio cultural, juntamente com o reconhecimento dos Catraieiros de Santarém e a documentação da festa do Çairé, são marcos significativos na preservação e promoção das riquezas culturais da região amazônica.
Essas iniciativas representam um compromisso firme com a proteção da cultura material e imaterial, bem como com o desenvolvimento sustentável do turismo.
A valorização desses elementos culturais não apenas enriquece a experiência dos visitantes, mas também fortalece os laços comunitários e preserva a identidade única de Alter do Chão.
Além disso, esses esforços destacam a capacidade da cultura de se adaptar e evoluir ao longo do tempo, mantendo-se relevante e significativa na contemporaneidade.
Que essas conquistas inspirem outros destinos a reconhecer e proteger suas próprias heranças culturais, contribuindo para a diversidade e a riqueza do patrimônio nacional e internacional.
A preservação da cultura é um investimento no legado das gerações futuras, enriquecendo nossa compreensão da história e da diversidade cultural que torna o mundo um lugar mais rico e vibrante.