Locais históricos em Alter do Chão: caminhando pela história
Alter do Chão, conhecida como o “Caribe Amazônico” pelas suas praias de areias brancas e águas cristalinas, é um destino que tem atraído a atenção do mundo por sua beleza natural incomparável. Mas, neste artigo queremos falar um pouco sobre os locais históricos em Alter do Chão.
Pois, além das paisagens paradisíacas, esta vila escondida do estado do Pará abriga um rico legado histórico que merece ser explorado e celebrado. A história de Alter do Chão se desdobra como um capítulo fascinante na grande narrativa da Amazônia brasileira.
Através deste artigo, convidamos você a embarcar em uma jornada no tempo, onde os velhos casarões coloniais, igrejas seculares e monumentos históricos são os guardiões silenciosos das histórias que moldaram esta encantadora vila.
Vamos desvendar os segredos que essas estruturas preservam, mergulhando nas raízes culturais e nos eventos que fizeram de Alter do Chão um local verdadeiramente especial.
Prepare-se para descobrir os tesouros escondidos nos recantos históricos de Alter do Chão e apreciar a riqueza de sua herança cultural que se mescla harmoniosamente com a natureza exuberante que a rodeia.
Venha conosco nesta viagem através do tempo, onde o presente e o passado se entrelaçam para contar uma história única e cativante de um dos destinos mais emblemáticos da Amazônia brasileira, onde há muita coisa para fazer!
Patrimônio cultural
Alter do Chão viveu um momento de grande honra no dia 29 de abril de 2022. Naquela data memorável, por meio da promulgação da Lei N° 9.543, essa comunidade recebeu o título de patrimônio cultural, abrangendo tanto seu valor material quanto imaterial.
Esta vila de beleza singular já se firmou como um dos dez destinos turísticos mais procurados do Brasil e conquistou elogios da imprensa internacional, sendo considerada a praia de água doce mais bonita do mundo.
Essa distinção, contudo, vai além de reconhecimento; é um compromisso solene com a preservação de sua cultura rica e diversificada, tanto em sua forma física quanto nas tradições e saberes que a permeiam.
Os Catraieiros
Antes mesmo da aclamação de Alter do Chão como patrimônio cultural, um importante marco histórico e cultural foi selado em Santarém, no oeste do Pará, pelo prefeito Nélio Aguiar, no dia 4 de abril de 2022.
A Lei nº 21.490 foi promulgada, declarando os Catraieiros de Alter do Chão como Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial do município.
Este ato reconheceu a significativa contribuição desses profissionais para a identidade local e a preservação de suas tradições, representando um passo importante na valorização de suas habilidades e conhecimentos transmitidos de geração em geração.
Festa do Çairé
Outro marco crucial no processo de salvaguarda e difusão cultural no coração da Amazônia brasileira em Alter do Chão é a confecção de um CD de músicas que fazem parte do rico folclore local, especificamente relacionado à famosa festa do Çairé.
Esse empreendimento cultural, realizado em 2013, foi resultado de uma colaboração frutífera entre grupos produtores da festa e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
O objetivo desse esforço conjunto foi documentar e preservar essa tradição milenar, cujas raízes mergulham profundamente na cultura da região.
As músicas e ritmos capturados nesse projeto não apenas enriquecem o repertório cultural local, mas também ajudam a manter viva a essência da festa do Çairé, uma celebração que é um verdadeiro tesouro do patrimônio imaterial brasileiro.
Dessa forma, as ações em prol da preservação e promoção do patrimônio cultural de Alter do Chão não se limitam a uma mera homenagem, mas sim representam um compromisso contínuo com o desenvolvimento sustentável do turismo, a proteção das riquezas naturais e a valorização das tradições que tornam este lugar mágico único.
Em meio à beleza exuberante da Amazônia, Alter do Chão brilha como um farol cultural, irradiando sua riqueza para o mundo todo.
Vamos, então, conhecer alguns dos lugares históricos mais importantes de Alter do Chão.
Paróquia Nossa Senhora da Saúde
A Paróquia Nossa Senhora da Saúde, em Alter do Chão, é um autêntico símbolo da riqueza cultural e espiritual desta encantadora região amazônica.
Esta magnífica igreja, erguida no estilo barroco português, é o terceiro templo religioso a embelezar esta pitoresca vila à margem do majestoso Rio Tapajós.
Ao adentrar os portões da Paróquia Nossa Senhora da Saúde, encontramos um verdadeiro tesouro no coração do Brasil. Esta igreja do interior carrega consigo uma história profundamente enraizada, principalmente no que se refere à evangelização das comunidades indígenas dessa área.
A história da Paróquia Nossa Senhora da Saúde remonta aos anos de 1876 a 1896. Após uma cuidadosa restauração em 2011, foi oficialmente reconhecida como patrimônio histórico da cidade.
A celebração anual da Festa de Çarié no terceiro final de semana de setembro é uma tradição profundamente enraizada na comunidade, onde a devoção é manifestada de forma vibrante e significativa.
Para os viajantes que exploram esta região, uma visita a esse tesouro histórico e espiritual é imperdível. Aproveite para conhecer os festivais em homenagem a Nossa Senhora da Saúde, a padroeira de Alter do Chão.
A história da padroeira, Nossa Senhora da Saúde, está intrinsecamente ligada à história de Alter do Chão. Desde as missões religiosas dos jesuítas até a preservação da cultura indígena e o desenvolvimento do turismo na região, a igreja desempenha um papel fundamental.
Ela se tornou padroeira dos índios Borari e, posteriormente, da vila, marcando um legado de fé e devoção.
Hoje, a Paróquia Nossa Senhora da Saúde ostenta com orgulho 147 anos de existência, mas se considerarmos o período desde a primeira ermida, fundada em 1738, até a restauração do templo, esse amor e veneração pela padroeira já perduram há mais de 270 anos.
Comunidades de Maguari e do Jamaraquá
As comunidades de Maguari e do Jamaraquá, localizadas na Floresta Nacional do Tapajós, representam verdadeiros patrimônios da natureza brasileira.
Esta unidade de conservação abrange uma vasta extensão de 600 mil hectares, repleta de montanhas majestosas, lagos serenos, florestas nativas intocadas e mais de 160 quilômetros de praias paradisíacas.
É um tesouro inestimável, um pedaço da Floresta Amazônica que cativa a imaginação daqueles que desejam vivenciar a natureza em seu estado mais puro.
Maguari e Jamaraquá, ambas comunidades que se aninham nesse ambiente privilegiado, são verdadeiras reservas naturais que nos transportam a tempos imemoriais. Elas nos presenteiam com uma visão rara e preciosa da riqueza natural do Brasil.
No coração de Maguari, uma árvore Sumaúma se ergue como um guardião dos segredos ancestrais, uma testemunha silenciosa dos últimos mil anos.
Sua majestosidade e imponência são inigualáveis, e ela nos lembra da longa jornada da vida na Amazônia, onde o tempo se move lentamente, em sincronia com a natureza.
Por outro lado, no encanto de Jamaraquá, encontramos um igarapé de águas tão límpidas e translúcidas que parecem pertencer a um mundo de fantasia.
Seus tons esverdeados nos convidam a mergulhar na riqueza aquática da Amazônia, onde a vida se desenrola em uma coreografia hipnotizante.
Ao olhar para baixo, através da água cristalina, é possível vislumbrar peixinhos coloridos deslizando suavemente entre as pedras e plantas aquáticas. É um espetáculo que nos recorda a delicada harmonia e a interconexão que sustentam a vida na região.
Essas comunidades, com sua biodiversidade incrível e paisagens deslumbrantes, oferecem a todos os visitantes uma oportunidade única de vivenciar a riqueza natural da Amazônia.
São santuários de vida selvagem, onde o tempo parece se dissipar, dando lugar a uma profunda apreciação pela beleza e a importância da conservação.
Maguari e Jamaraquá nos lembram do papel fundamental que todos desempenhamos na proteção destas reservas naturais, garantindo que eles continuem a deslumbrar e inspirar gerações futuras.
Centro Histórico de Belterra
O Centro Histórico de Belterra se encontra no coração do Pará. Uma pequena cidade que evoca a nostalgia das cidades do interior dos Estados Unidos.
Sua história peculiar remonta aos anos 1920, quando o visionário industrial Henry Ford enviou uma missão à Amazônia com um objetivo ambicioso: construir uma cidade a partir do zero para garantir o suprimento de matéria-prima para suas fábricas de pneus nos Estados Unidos.
Esse lugar escolhido ficava em meio a um vasto território de um milhão de hectares no Vale do Rio Tapajós, no Pará, e parecia ideal para o cultivo de seringueiras, árvores produtoras do tão cobiçado “ouro branco”, o látex da borracha. Assim, nasceu Fordlândia.
Belterra é uma cidade que carrega consigo essa herança, projetada com infraestrutura, arquitetura e estilo tipicamente americanos.
Foi uma criação de Henry Ford, que tinha como objetivo estabelecer a maior área de exploração intensiva de borracha do mundo. Entre 1938 e 1940, Belterra conquistou o título de maior exportador individual de borracha do planeta.
Em 2009, Belterra recebeu o reconhecimento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como uma cidade histórica, e sua importância não se limita apenas à história da borracha.
O município possui um Plano Diretor Municipal que estabelece diretrizes para o turismo, destacando diversas formas de aproveitar a região, como o Turismo Histórico e Cultural, Turismo Científico, Turismo de Pesca e Náutico, Ecoturismo, Turismo de Sol e Praia, Turismo Ecológico, Turismo de Aventura e Turismo de Base Comunitária, entre outros.
A cultura local é uma parte essencial da identidade de Belterra e é celebrada através de festivais e manifestações populares. A “Gincana Cultural”, realizada anualmente em julho, e o Festival da Cultura Indígena, que honra as tradições Mundurukus do Tapajós, são eventos que mantêm viva a história e as tradições da região.
A riqueza natural de Belterra também é notável. A área é caracterizada por três diferentes formações florestais, incluindo a Floresta Equatorial Subperenifólia, a Floresta Equatorial Higrófila de Várzea e os Campos Equatoriais Higrófilos de Várzeas.
Floresta Nacional do Tapajós (Flona)
A Floresta Nacional do Tapajós (Flona) é um destaque, abrangendo todas essas formações e ocupando 59% da área rural do município.
A Flona é um tesouro escondido na região de Alter do Chão, que oferece uma experiência incrível para os amantes da natureza e da biodiversidade.
Esta unidade de conservação abrange uma vasta área de mais de 527 mil hectares, onde você terá a oportunidade de explorar um ecossistema rico e diversificado, composto por árvores gigantescas que parecem se estender até onde os olhos podem ver.
A Floresta Nacional do Tapajós oferece a oportunidade não apenas de se conectar com a natureza, mas também de aprender sobre a importância da conservação e do uso sustentável dos recursos naturais da Amazônia.
O principal objetivo da FLONA é promover o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e fomentar a pesquisa científica, especialmente na área de métodos para a exploração sustentável das florestas nativas.
A gestão da Floresta Nacional do Tapajós é orientada pelo Plano de Manejo e envolve ativamente as comunidades locais e outros atores sociais por meio do Conselho Consultivo, estabelecido em 2001.
Isso garante uma abordagem colaborativa e inclusiva na conservação e no uso sustentável dos recursos naturais.
A FLONA também desempenha um papel fundamental na promoção do uso sustentável dos recursos naturais pela população local.
O Manejo Florestal Comunitário é uma prática exemplar realizada em uma área especialmente designada, demonstrando como a floresta pode ser usada de maneira sustentável.
Além disso, a comunidade que habita essa unidade de conservação é composta por cerca de 4 mil moradores distribuídos em várias localidades ao longo da rodovia BR-163, incluindo 23 comunidades e três aldeias indígenas da etnia Munduruku.
Essas comunidades e aldeias estão estrategicamente localizadas ao longo dos rios Tapajós e Cupari, proporcionando uma vida conectada à natureza.
A diversidade de paisagens na FLONA é simplesmente espetacular, incluindo praias ao longo dos 160 quilômetros do Rio Tapajós, trilhas na mata, grandes árvores como a Samaúma Vovózona, e a presença de populações tradicionais e indígenas que oferecem aos visitantes uma oportunidade única de interagir com a natureza e a cultura local.
A beleza cênica da região, juntamente com a cobertura florestal bem preservada e as águas verdes e mornas do Rio Tapajós, fazem da Floresta Nacional do Tapajós uma das unidades de conservação mais visitadas na região norte do Brasil.
Conclusão
Alter do Chão se revela não apenas como um paraíso natural, mas como um tesouro de riqueza cultural e histórica. Ao longo deste artigo, exploramos as raízes profundas que sustentam essa encantadora vila e os esforços dedicados à preservação de seu patrimônio.
Desde a distinção como patrimônio cultural até o reconhecimento dos Catraieiros e a celebração da festa do Çairé, Alter do Chão é um exemplo brilhante de como a cultura e a natureza podem coexistir harmoniosamente.
Alter do Chão e seus arredores são uma celebração da riqueza cultural e natural da Amazônia brasileira. Este é um convite para todos nós, viajantes e amantes da natureza, para nos envolvermos na preservação e apreciação desse lugar único que temos a sorte de compartilhar com o mundo.
É um lembrete de que, juntos, podemos proteger e celebrar essa riqueza natural e cultural para as gerações futuras.